NÃO BASTA SER BOM ALUNO…


Por Artur Penedos, jornal Público de 5-2-13


Em Novembro passado, fruto das dúvidas que se acumulam no meu espírito, reclamei ou alvitrei a necessidade de realização de uma auditoria externa às Contas dos Estados-Membros da União Europeia, para se saber até onde vai a solidariedade entre eles. Suspeito que as perdas dos países intervencionados pela troika têm servido para atenuar os riscos dos financiadores e expor, ainda mais, os intervencionados à voragem dos capitalistas.
E, confesso, depois de ter visto o vice-primeiro-ministro irlandês a queixar-se da posição oficial europeia e a lastimar o facto de a mesma Europa os ter posteriormente abandonado, mais se enraizou a ideia de que é preciso conhecer a dimensão da solidariedade comunitária.
A dita posição estabelecia, “não se podia deixar falir nenhum banco dos parceiros europeus expostos à situação irlandesa”! Pois claro, os bancos alemães detinham mais de 100 mil milhões dos seus ativos!
A reação das instâncias comunitárias é lenta, muito lenta e, com ela ou por culpa dela, os cidadãos europeus amargam os dramas do desemprego. Uns mais do que outros, como é o caso dos gregos, espanhóis, portugueses e irlandeses.
O desemprego na Europa dos 27 atinge já cerca de 30 milhões (refiro-me ao apurado pelos organismos oficiais, porque, como é do domínio público, a realidade é sempre bem diferente das estatísticas) e, em Portugal, o governo de Passos Coelho, que prometeu o melhor dos mundos, vai somando recordes atrás de recordes.
Passos Coelho, que dizia querer promover a igualdade de oportunidades e, também, uma nova agenda para o crescimento e emprego, ficou-se pelo crescimento negativo da economia e pelo brutal aumento do desemprego.
Manifestou-se empenhado em aprofundar a construção europeia, mas limitou-se a ser “bom aluno”, a tolerar discriminações e a pedir à troika estudos e opiniões que lhe permitissem dizer aos portugueses que o caminho a seguir era empobrecer o país, a economia e os portugueses.


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